Serviço conta com ambulâncias
exclusivas para garantir que paciente fraturado seja operado em até 48h
e, assim, tenha recuperação mais rápida. Rio de Janeiro é o segundo
estado com maior proporção de idosos na população
O Governo do Estado dá nesta segunda-feira (22) um importante passo
no atendimento de pacientes com mais de 60 anos: a inauguração do Centro
Estadual do Trauma do Idoso (CETI). Com este projeto inédito no país, o
Rio de Janeiro passa a ser uma referência nacional no atendimento
desses pacientes. O modelo do serviço foi elaborado com base em
pesquisas científicas internacionais, que constataram que se operado em
até 48h, o idoso vítima de trauma tem mais chances de voltar a ter uma
vida normal, com sua locomoção mantida. Foram investidos mais de R$ 3,7
milhões neste serviço.
Por meio de uma parceria com a Secretaria de Estado de Saúde (SES), o
Hospital São Francisco de Assis, na Tijuca, foi preparado para abrigar o
Centro de Trauma. Foram feitas reformas no centro cirúrgico, criados 30
leitos de enfermaria, cinco leitos de CTI e reforço no quadro de
médicos especializados, com 17 ortopedistas e sete anestesistas para
atender pacientes acima de 60 anos com quadro de fratura de fêmur
proximal, que é o tipo mais comum de trauma entre pessoas com mais de 60
anos.
- Ter um serviço exclusivo de atendimento ao idoso é um grande
avanço para o estado. A parceria com a Ordem São Francisco já trouxe 120
leitos a mais para o atendimento de pacientes de outras especialidades.
Vamos ampliar ainda mais esta parceria. Isso ajuda a desafogar as
emergências dos hospitais e melhorar a qualidade de atendimento - afirma
o governador Sérgio Cabral.
O Centro começa a funcionar em
outubro recebendo pacientes referenciados de outros hospitais estaduais e
as cirurgias serão realizadas em até 48 horas, o chamado tempo de ouro
para o sucesso de todo processo. A ideia é estender progressivamente
para outras unidades de emergência da rede pública, abrangendo a capital
e a Região Metropolitana. O protocolo para este atendimento
referenciado foi criado para ser seguido com rigor e, assim, garantir o
sucesso das cirurgias e recuperação do paciente. Para isso, o serviço
contará com quatro ambulâncias exclusivas para fazer essa remoção rápida
entre os hospitais. A intenção é diminuir o tempo médio de internação
dos atuais 10 dias para quatro dias.
- A criação Centro Estadual
de Referência do Trauma do Idoso representa um avanço para o estado.
Este projeto inédito tem o objetivo de oferecer o melhor tratamento
possível à população da terceira idade que cresce no mundo todo e
demanda cuidados especiais. O Rio tem hoje a segunda população mais
idosa do país, com 13% das pessoas com mais de 60 anos e a diminuição do
tempo de realização da cirurgia para até 48 horas após o paciente dar
entrada na unidade de saúde e do tempo de internação reduzem muito o
risco de complicações e sequelas – explica o secretário de Estado de
Saúde, Sérgio Côrtes.
Primeira paciente - Dona Therezinha Zoellner , de 81
anos, é a primeira paciente a ser operada no Centro de Trauma na tarde
desta segunda-feira . Após sofrer uma queda em casa, ela veio
referenciada do Hospital Estadual Getúlio Vargas, na Penha, e chegou ao
CETI ontem. Além dela, outras duas pacientes já estão na unidade, a
dona Jeorgina Pereira, de 83 anos, e a dona Cleonice Conceição, de 81
anos, todas com fratura no fêmur.
Acompanhamento pós-cirúrgico –
Os pacientes operados no Centro de Trauma do Idoso terão dois destinos
após a cirurgia: a alta médica ou a continuidade de recuperação em outra
unidade. Os pacientes que estiverem aptos a receber alta no prazo
definido pelo protocolo, serão posteriormente acompanhados por equipe
multidisciplinar em consultas de retorno no próprio CTI até a alta
ambulatorial. A Secretaria de Estado de Saúde já está estudando a
possibilidade de, numa segunda fase do projeto, oferecer home care aos
pacientes que necessitarem.
Já os pacientes que não puderem
receber alta após a cirurgia, serão transferidos para continuidade de
tratamento no Hospital Estadual Eduardo Rabello, em Campo Grande,
referência no estado no tratamento de médio prazo em idosos.
Referência científica -
Pesquisas internacionais indicam que a partir de 50 anos o risco de
fratura dobra a cada cinco anos; 50% das mulheres sofrerão fratura de
quadril aos 90 anos de idade. Sem intervenção cirúrgica em até 48h, 50%
dos pacientes idosos vítimas de trauma precisam usar muletas e 23%
morrem em até 12 meses.
Leia mais:
Aumento na demanda – A ideia da criação do
Centro de Trauma para Idosos é atender aos casos ortopédicos que cada
vez mais chegam às grandes emergências da rede; motivados, na maioria
dos casos, por quedas em casa ou na rua. Por conta da alta demanda de
cirurgias de emergência nas unidades de saúde, em especial
politraumatizados, muitas vezes esses idosos ficam internados por longos
períodos, aguardando pela cirurgia.
O objetivo da unidade é
garantir um atendimento exclusivo, a fim de diminuir sequelas e permitir
uma recuperação mais rápida, fundamental para pacientes acima de 60
anos.
Governo do RJ investe também em pesquisa sobre
envelhecimento - O Centro de Estudo e Pesquisa do Envelhecimento (Cepe
Pró-Idoso), em funcionamento desde abril de 2012, é um projeto da
Secretaria de Estado de Saúde, gerenciado pelo Instituto Vital Brazil
(IVB), que tem como objetivo congregar profissionais de saúde,
universidades e sociedade civil para realizar estudos, pesquisas e
protocolos na área do envelhecimento, com perspectiva de melhorar a
qualidade de vida dos idosos.
O Cepe também tem a finalidade de
ser um espaço de discussão de temas relacionados e capacitar
profissionais e cuidadores envolvidos na atenção ao idoso, por meio de
debates, cursos e seminários abertos a profissionais de saúde e ao
público em geral. É uma iniciativa pioneira no sentido de procurar
conhecer melhor a realidade da saúde do idoso no Rio de Janeiro. Os
estudos possibilitarão novas propostas de políticas públicas voltadas
para o cidadão idoso e a capacitação dos profissionais de saúde e outras
categorias profissionais em cuidados geriátricos e gerontológicos.
O
Cepe só recebe idosos encaminhados pela atenção primária. Os idosos são
avaliados por equipes multidisciplinares, compostas por geriatra,
enfermeira, neuropsicólogo, fonoaudiólogo, fisioterapeuta,
nutricionista, assistente social e terapeuta ocupacional. A atividade
subsidia a pesquisa, o ensino e a proposição de políticas públicas para a
superação dos desafios do envelhecimento.